Esta múmia, cuja foto vemos no pé desta página, pertence ao Museu Redpath da Universidade McGill de Montreal. Sua característica mais surpreendente é o fato de seu coração ter sido retirado e seu cérebro ter permanecido no lugar, justamente o inverso da prática usual. Ela apresenta duas placas finas semelhantes a cartonagens sobre seu esterno e abdômen, cuja intenção parece ter sido a de reparar ritualisticamente os danos causados no corpo pelos embalsamadores e de atuar como substituto do coração removido.
Esta mulher viveu quando o Egito estava sob domínio romano e o cristianismo se espalhava (c. 230 a 380 d.C.) e deve ter pertencido à classe média alta. Seu nome é desconhecido, mas sabe-se que tinha cerca de 1,60 m de altura e morreu entre os 30 e os 50 anos de idade. Como muitos egípcios, teve sérios problemas dentais e perdeu grande parte da dentição; tinha inclusive uma cavidade entre dois dentes e múltiplos abscessos.
Os registros do museu indicam que ela foi achada enterrada em algum lugar da antiga cidade egípcia de Tebas, atual Luxor, onde ela e seu ataúde foram adquiridos no século XIX, sem que haja certeza de que o caixão realmente lhe pertencia. Foi levada para Montreal antes de 1859 por James Ferrier, um homem de negócios e político, que viajou extensivamente pela África, Europa e Ásia e doou artefatos que adquiriu para a Sociedade de História Natural de Montreal e para a Universidade McGill. A reconstrução facial foi feita por Victoria Lywood, uma artista forense, e a peruca grisalha está de acordo com a realidade constatada pelo escaneamenteo do corpo. Foto © Victoria Lywood.
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